terça-feira, maio 22, 2007

O Infinito

Desapareceu alguém que me fora muito próximo por laços familiares e também por ter determinado o meu gosto por uma coisa que normalmente ninguém aprecia – a Matemática.
Não sei se ele alguma vez gostou de Matemática ou do que quer que fosse.
Lembro-me, no entanto, quando dava os primeiros passos na aprendizagem daquela disciplina, de ter tido algumas dificuldades sobretudo por não conseguir relacionar os seus conceitos com coisas concretas.
Ele teve a virtude de estabelecer essa ponte.
O paralelismo de duas rectas parecia-me coisa irrefutável, até me ter sido por ele demonstrada a sua convergência no infinito, através da imagem indesmentível das linhas do caminho de ferro.
Ao olhá-las, temos de imediato essa percepção. Por mais que nelas avancemos, tanto mais longe elas se cruzam, deixando-nos a dúvida sobre a nossa sanidade visual.
A partir desse momento a Matemática tornou-se mágica e acabei sempre por nela descobrir os segredos guardados, como um detective as pistas do crime ou um investigador os mistérios da ciência.
Pergunto-me como seria a nossa vida, se fosse alterada a relação que estabelecemos com os números e com as formas geométricas, desde sempre gravadas na nossa memória e no reconhecimento que fazemos do mundo que nos rodeia.
A harmonia vital baseia-se em algoritmos genéticos, que buscam as melhores soluções para as funções que nos dirigem e fazem evoluir ao longo de gerações e nos hão-de garantir a sobrevivência para lá dos inúmeros obstáculos que o processo civilizacional nos vai colocando permanentemente.
A fórmula é a mesma, mas os parâmetros que cada um de nós lhe impõe são diferentes e os resultados, obviamente, sê-lo-ão também.
Amigo, as nossas trilhas divergiram, mas hoje voltaram a estar paralelas e, muito provavelmente, cruzar-se-ão no infinito.

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3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Boa prosa - por onde quer que se lhe pegue

abraço

22/5/07 15:36  
Blogger CaCo said...

Tão verdade como eu estar aqui é o paralelismo da minha vida com a dele.

Será que o vou encontrar no infinito? - ou é (mais)uma ilusão minha?

Boa prosa, como diz o seu amigo.

23/5/07 17:13  
Blogger JR said...

Cruzes canhoto, digo eu!
Má prosa essa!
Bjufas

24/5/07 01:15  

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