sexta-feira, maio 18, 2007

Bocas Abertas

Livre-nos Deus de bocas abertas!
Esta, era uma expressão que ouvi várias vezes à minha avó. Não me lembro, ou nunca percebi bem, qual o contexto em que ela a utilizava. Não sei se se referia a bocas abertas com fome, se a bocas abertas dizendo asneiras, se a bocas abertas de espanto ou de medo ou ainda a bocas abertas por lhes não ser permitido fechá-las.
A primeira sugere bocas famintas que, sendo responsabilidade directa nossa, obrigariam a tudo fazer para as fechar, o que naqueles tempos e nos que correm, não era nem é tarefa fácil. Sendo resultado de políticas erradas governamentais, de que seríamos potenciais vítimas indirectas, obrigava a que nos precavessemos contra amargos de boca. Parece que temos boas razões para, com isso, nos preocuparmos cada vez mais.
A segunda, aponta para eventuais prejuízos causados pelos desbocados, pelas chamadas línguas viperinas, pelos discursos políticos em épocas eleitorais, pelos contos de vigário com que diariamente somos brindados nas rádios e nas televisões públicas e privadas. Verdadeiros despautérios como os discursos do Dr. Alberto João ou os balanços governamentais do Eng.º Sócrates.
Para bocas abertas de espanto por encantamento, não ía a minha avó pedir a intervenção divina para as evitar.
Restam, portanto, as razões que nos fazem cair de costas, patas ao ar e boca aberta de espanto ou pânico, como passarinhos caídos do ninho, sem saber para que lado nos voltarmos. São geradas por coisas tão estranhas como a economia estar melhor e nós piores, obrigar a eleições na Madeira para ganhar aquele que já se sabia iria ganhá-las ou ver o Dr. Júdice ser o mandatário ou o apoiante mor do Dr. António Costa à Presidência da Câmara de Lisboa.
Por último, não calculo que a minha avó tivesse ingenuidade tamanha, ao ponto de acreditar na existência de pessoas a quem não fosse permitido fechar a boca, sendo obrigadas a, diariamente, dizer coisas que não interessam a ninguém, coisas que não fazem sentido ou que, mesmo fazendo, não levam a lado nenhum, não servindo para mais nada do que para manter a boca aberta.
Só pode ser maquinação minha!
Ela não estava, certamente, a pensar em mim!

Etiquetas: