A pretexto de pescar
A primeira jornada de pesca deste ano não podia ser muito pior em termos de resultados piscatórios, mas também não se pode ter tudo.
A água do Alqueva está perto de atingir o nível mais alto, alagando a campina, diminuindo o Alentejo em área terráquea, mas conferindo-lhe a característica surrealista de um Alentejo líquido por oposição à sua característica milenar de um Alentejo de sequeiro.
As estevas floridas exalavam um perfume doce, intenso que apetecia saborear.
O nevoeiro matinal foi dando lugar a um sol primaveril, inclinado, que completou este quadro de etérea serenidade.
Só os patos bravos entre danças e contradanças promíscuas de acasalamento esvoaçavam e grasnavam, quebrando o silêncio envolvente.
Nem brisa se fazia sentir, reflectindo a água, na sua quietude, o azul cinzento do céu e os verdes e brancos das colinas em redor.
Pequenos malmequeres amarelos nasciam da água, olhando-se e multiplicando-se nela. Azinheiras e sobreiros que perderam o pé e se banharam prazenteiros.
De vez em quando, mais longe, o matraquear dos bicos das cegonhas, quais castanholas, fazendo lembrar a vizinha Espanha, ali do outro lado.
A terra, onde nascia o pão que o diabo amassou, lavou-se do sangue, suor e lágrimas que a regou e adubou, abrindo-se em flores e aromas.
Foi esta tela que hoje me ofereci e que guardarei na minha galeria de recordações, como peça delicada e frágil, a par dos meus sonhos e ilusões.
A água do Alqueva está perto de atingir o nível mais alto, alagando a campina, diminuindo o Alentejo em área terráquea, mas conferindo-lhe a característica surrealista de um Alentejo líquido por oposição à sua característica milenar de um Alentejo de sequeiro.
As estevas floridas exalavam um perfume doce, intenso que apetecia saborear.
O nevoeiro matinal foi dando lugar a um sol primaveril, inclinado, que completou este quadro de etérea serenidade.
Só os patos bravos entre danças e contradanças promíscuas de acasalamento esvoaçavam e grasnavam, quebrando o silêncio envolvente.
Nem brisa se fazia sentir, reflectindo a água, na sua quietude, o azul cinzento do céu e os verdes e brancos das colinas em redor.
Pequenos malmequeres amarelos nasciam da água, olhando-se e multiplicando-se nela. Azinheiras e sobreiros que perderam o pé e se banharam prazenteiros.
De vez em quando, mais longe, o matraquear dos bicos das cegonhas, quais castanholas, fazendo lembrar a vizinha Espanha, ali do outro lado.
A terra, onde nascia o pão que o diabo amassou, lavou-se do sangue, suor e lágrimas que a regou e adubou, abrindo-se em flores e aromas.
Foi esta tela que hoje me ofereci e que guardarei na minha galeria de recordações, como peça delicada e frágil, a par dos meus sonhos e ilusões.
Etiquetas: Divagações
2 Comments:
Alqueva e a sua água prestes a ser engolida por turistas. E a qualidade da água ? será que alguém se preocupa com tamanho factor crítico de toda uma estratégia de desenvolvimento regional ?
Será que essa benção à décadas esperada não se tornará no inferno da descaracterização daquilo que de mais genuíno atrai os actuais visitantes ?
Prevêm-se milhões de investimentos, milhares de turistas e de hectares ocupados por construções desbravantes da natureza e promovidas por ávidos investidores !
Será que o aeroporto de Beja funcionará como terminal de sedentos reformados em busca de novo paraíso do golfe ?
O "Além-tejo" de hoje mudará o seu nome para "Quase-Algarve" amanhã ?
Que será das Cegonhas, Patos Bravos ...
Abraços
LoiS
É verdade que espera provavelmente o Alqueva uma coisa parecida com a referida por Lois. No entanto, talvez não seja tanto quanto se apregoa, nem tão pouco quanto se deseja.
Mas, dá para entender que um investimento desta grandeza, terá que ter compensações. Uma vez que não é possível,pelo menos para Portugueses, aproveitar das potencialidades do regadio na Agricultura, para o justificar, houve que achar outras apetências do Mercado.
Mas os Espanhois têm comprado propriedades na zona e estão a aproveitá-las, no estabelecimento de olivais de regadio.
Julgo que terá que colocar-se outra questão: - Onde estão os investidores nacionais?
Por outro lado, há uma preocupação efectiva e já a produzir efeitos nefastos na qualidade das águas, que é o gado não ter limitações no acesso à água e estar a contaminar gravemente a mesma com colifecais.
Havia que fazer cumprir a lei que o impede e que já existe.
Entretanto, o que se passa para montante na vizinha Espanha?
Há esgotos a descarregar directamente para lá.
É uma pena!
Adeus patos!
Das cegonhas não tenho pena porque há demais neste momento.
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