quinta-feira, março 22, 2007

Os Novos Alcaides

- Sabes tu Gonçalo Nunes de quem é esse Castelo?
- Sei sim meu pai. É de nosso Rei e Senhor, D. Fernando de Portugal.
- Pois se sabes, cumpre o teu dever até ao fim. E maldito sejas tu, se o inimigo entrar nesse Castelo, sem tropeçar no teu cadáver!
Era assim que, nos meus tempos de menino e moço, nos era incutido este espírito, revivido em Aljubarrota, para que fosse mantida acesa a chama que nos defenderia dos Castelhanos e de Castela.
E agora?
Nacionalismos exacerbados não funcionam numa Europa que se deseja uma federação (ou confederação) de estados unidos, mas a descaracterização completa e absoluta dum país pequeno na área, mas grande pela língua que fala, intercontinental por ambição e descoberta, humanista por coração, também não me parece muito curial.
De Castela não acredito em ameaça, mas dos Castelhanos já lhe sentimos a garra e o poder. Poder que lhes advém do querer, da tenacidade e do empenho, mas também da falta de luta de, quem por cá, lha deveria dar na defesa do património, da economia, do tecido empresarial e que, por inépcia, incompetência, incúria ou simplesmente por interesses económicos imediatos e mesquinhos, o não faz .
Já sei que a Europa, réu béu béu béu béu. Mas só existe um sentido? De lá para cá?
Não percebo então por que têm as estradas duas faixas de rodagem! Bastava uma!
Nada neste país se come, se veste, duma maneira geral se consome, que tenha etiqueta portuguesa. As empresas e as propriedades urbanas e rurais começam a ter nomes e dísticos em várias línguas, de que a castelhana é de longe maioritária.
Parece que até os mercados abastecedores já falam espanhol.
A própria língua se enfraquece com a falta de uso que lhe damos. Os neologismos necessários numa sociedade tecnológica, em vez de a enriquecerem têm efeito inverso, pelo facto de os incorporar sem os obrigar a sofrerem ajustamentos ortográficos ou só de pronúncia, que seja.
Não faltará muito para que o Inglês ou o Espanhol se torne em língua mãe e o Português passe a dialecto.
O que diria hoje Nuno Gonçalves ao seu filho Gonçalo Nunes?
- Pois se sabes, cumpre o teu dever até ao fim e maldito sejas tu se não deixas que os castelhanos tomem sem luta esse castelo.

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