domingo, março 25, 2007

Memória excedida

Imagem recolhida aqui.
Saltam-me excertos de peças teatrais em que participei, quando ainda jovem, e não me consigo lembrar bem do que fiz hoje de manhã.
Sinal de velhice e de arteriosclerose a funcionar, ou agitação interior no mais recôndito da alma, querendo transformar-me em actor que nunca fui a não ser nos palcos da vida, ocupando-me o disco rígido como memória virtual, não deixando abrir as aplicações do dia a dia?
- Eh Rei-Capitão, soldado ou ladrão?
As aplicações diárias são pesadas, com inovações absurdas e não amigáveis, do ponto de vista do “usuário”, ocupando totalmente a memória RAM.
Hoje resolvi dar-me umas férias televisivas. Estou convencido que é esse tormento diário dos noticiários, que me está a ocupar o espaço de que necessito para ter uma velhice descansada, aproveitando os poucos anos que me restam na pacatez do meu retiro espiritual e do que sobrou de discernimento social e humano.
- Ouve o Povo inteiro que te diz que não!
Vou aproveitar o pouco espaço disponível em jogos prazenteiros da escrita e da leitura, alienantes e fantásticos, fictícios e amistosos, capazes de mudar o curso da estória, mas infelizmente impotentes para alterar os desígnios da História, cada dia mais amarga, mais intolerante, mais incapaz de ser mudada.
- Morto, já nada resta, oh Rei!

Excertos de El-Rei Sebastião de José Régio

Etiquetas:

1 Comments:

Blogger Bolinha said...

Concordo, ocupar o espaço livre da memória com chatices só dá desgraça, bêjo

25/3/07 21:09  

Enviar um comentário

<< Home