segunda-feira, março 19, 2007

Dia do Pai


Ultrapassando o espaço, tudo o que nos resta é Aqui.

Ultrapassando o tempo, tudo o que nos resta é Agora.

In Fernão Capelo Gaivota de Richard Bach

Só muito recentemente me lembro de ser festejado o Dia do Pai. O da Mãe, sim! Lembro-me bem que era festejado a 8 de Dezembro. Eu também não era muito chegado ao meu pai.
Respeitava-o. Era amigo, mas nunca fomos muito próximos. Talvez só na parte final da sua vida. Quando terá perdido grande parte da couraça, que sempre usou, contra aquilo que considerava de fraqueza e lamechice - a ternura.
A dureza da vida vacinou-o contra esse tipo de moléstia urbana e efeminada de presentear as pessoas que amamos com mais do que um beijo na testa na rotina diária e um abraço para as celebrações e efemérides.
Os homens queriam-se longe de tudo o que pudesse ser sinal exterior de cedência, tolerância ou simples partilha.
Não queria isso dizer falta de sensibilidade ou solidariedade social. O Homem, especialmente o Pai, era feito para mostrar o caminho mas não para o trilhar em conjunto. Era feito para enfrentar as contrariedades com vigor e temperança, nunca mostrando receios ou dúvidas de permeio, coisas essas, incompatíveis com a manifestação expressa de fraquinhos ou afectos, mesmo que no seio da família.
Cá fora, fazia fé nos destinos dos filhos, que cuidara, preparando-os para as agruras da vida!
Nem sempre correspondemos a essa certeza e nunca dela tivemos conhecimento de viva voz!
Mas sabíamos que era assim! Que tudo perderia para que ganhássemos! Que nada teria para que tivéssemos!
Percebo-o hoje, mas já não posso manifestar-lho, como gostaria de ter feito!
Revejo-me nele, mas espero ter tido junto dos meus filhos uma proximidade maior que permitisse a cumplicidade e o carinho manifesto, que julgo terem existido.
Brindo a isso, como o meu pai brindaria ao contrário. Com o mesmo amor e calor humano manifestados, embora de forma diferente.

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1 Comments:

Blogger Bolinha said...

Bonito quase que aposto que teve uma lágrima no canto do olho, porque os Homens também choram, bêjo, por exemplo acho lindo o nome que os netos lhe chamam.

20/3/07 14:44  

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