quinta-feira, janeiro 25, 2007

A História do Futuro contada em Alentejano

Não sei porque sou tentado a escrever sobre o passado esquecendo o que se passa neste momento à minha volta.
Será que já não tem interesse para mim? Que já morri? Ou que o passado foi esplendoroso? Que não tenho futuro?
Que tudo isto é uma treta?
Deve ser um pouco de tudo junto.
Há dias escutei uma narrativa que, se bem que curta, me pareceu empolgante pela forma como foi contada, pela calma que dela exalava, pelo suave emanar dum crédito que eu supunha perdido entre os jovens, entre empresários e sobretudo entre agricultores e produtores pecuários.
Uma nova abordagem da temática empresarial, em alentejano confesso. Ouvi falar com serenidade em propriedades ocupadas e reentregues, sem rancor aparente. Em relacionamento amigável com os antigos ocupantes e gestores da Cooperativa, que já era, do tipo de exploração que se fazia e que continua a ser corrente fazer-se na generalidade das empresas agro-pecuárias.
Mais importante foi ter ouvido falar quase com amor da exploração equilibrada que já se vai fazendo ali e acolá, com resultados encorajadores para os empresários, para os trabalhadores em número apreciável, para os consumidores que usufruem daqueles produtos isentos de químicas e para o meio ambiente, assim acarinhado e com futuro garantido.
Ouvi falar do Montado, como duma pessoa de família, idosa, a quem se quer bem e a quem se deseja que tenha um resto de vida salutar, fraterno, com amigos à sua volta com quem possa interagir, acarinhar e ser conivente – os porcos, as vacas e os borregos. De raças autóctones, em números que não excedam a capacidade de partilha.
Ouvi ainda falar com ternura das cegonhas, das garças, dos corvos marinhos perdidos na campina alentejana, dos milhafres reais, da biodiversidade, do equilíbrio retornado.
Senti trabalho árduo, empenhado, diligente, conhecedor, executado sem esforço, também ele em equilíbrio.
Saudável.
Que bela história de futuro!

http://www.sousacunhal.pt/menu4_1.html

http://biorege.weblog.com.pt/arquivo/2006/04/encontro_de_pri.html

Etiquetas: