sexta-feira, janeiro 12, 2007

Há Mar e Mar...

shuanathoughts.wordpress.com/2005/01/

Tudo começou no Mar e tudo nele parece vir a acabar. Todos os dias deparamos com indícios de que assim possa vir a acontecer, pelo mau uso que dele tem sido feito. Julgou-se que o Mar poderia suportar toda a carga de detritos sólidos e líquidos sem se queixar. A sua imensidão parecia de facto calhada para fazer dele o colector de esgoto universal. Os resultados começaram a sentir-se nas plataformas continentais com a escassez de recursos piscícolas. A causa não sendo exclusivamente da poluição directa dos esgotos urbanos e industriais tem neles um elemento perturbador do equilíbrio dos ecossistemas envolvidos. A captura de muitas espécies poderá estar comprometida pela elevada quantidade de metais pesados que as incorpora. A sobrepesca, a apanha de algas indiscriminada e as redes assassinas perdidas, ajudaram a compor o ramalhete. E não se pense que estamos a falar só do velho continente. Nada disso! O Continente Africano, que não pode queixar-se muito de desenvolvimento industrial, também começa a ter as suas águas desprovidas desses recursos. As frotas de pesca de vários países desenvolvidos instalaram nele os seus arraiais e começaram a limpeza dos fundos. A necessidade dos países africanos ribeirinhos em contrapartidas para as importações inevitáveis de quase tudo o que consomem, obriga-os a abrir as suas portas, sem capacidade para impor regras nem para as fiscalizar quando existem. Uma embarcação de pesca do camarão, em Moçambique, que na década de setenta, não precisava mais do que cem ou duzentos metros de cabo de arrasto, para encher os seus porões numa jornada de pesca diária, tem hoje que largar mais dum milhar para pescar a mesma quantidade numa jornada de três ou quatro dias, de menor calibre e valor comercial. O arrasto continuado nas mesmas áreas vai produzindo uma desertificação dos fundos arrancando algas que eram alimento de muitas espécies e protecção de posturas e de alevins.

(A continuar)

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