segunda-feira, janeiro 01, 2007

Foguetes de Lágrimas

Sabemos que a humanidade tem sobrevivido à custa das proteínas animais, conseguidas em cevadouros naturais ou artificiais ou em explorações intensivas de gado, de tipologia e raças eleitas para engorda e abate.
Ou seja, existe uma perfídia interiorizada e sublimada pelo justificativo da sobrevivência, que esconde as imagens plangentes do sacrifício diário de milhões de animais.
Tudo bem! Eu até não sou vegetariano!
Mas que a perfídia me entre em casa através dos canais públicos e privados de TV, mostrando ao pormenor a execução dum ser humano, merecesse ele ou não a morte, sendo o Estado Português contrário à pena capital, tendo sido um dos primeiros da Europa a aboli-la, já me parece demais!
Onde está a repulsa da Igreja Católica por tal prática? Ou, em relação a Saddam já a questão de ser apenas DEUS a decidir da vida e da morte, não se coloca?
Não tenho pena do ditador que terá mandado executar, também ele, concidadãos seus, por credos, interesses políticos ou outros diferentes!
Pouco me preocupa se foi mandado executar pelo filho daquele que há uns anos atrás lhe poupou a vida por razões talvez hoje entendíveis, mas incompreensiveis na altura! Nem tão pouco me inquieta o facto de poder ter morrido à ordem de quem, há mais alguns anos atrás, dele se serviu e o apoiou na guerra que travava contra o Irão!
Sempre que um ditador cai, outro se “alevanta”, infelizmente!
Depois que foi arredado do poder, muitos mais já morreram do que aqueles por que era culpado, em julgamento!
Do único país laico da região não resta mais do que a triste memória. O que nos entra diariamente em casa através dos noticiários, é um país ocupado, de atentados permanentes, de selvagens perseguições políticas e religiosas e a certeza de mais um estado islâmico fundamentalista em formação! As ditaduras normalmente são criadas de fora para dentro e as democracias de dentro para fora!
As democracias não podem correr o risco de ser impostas!
De qualquer forma, acredite eu ou não na “justeza da justiça”, como vivo num país democrático, tenho obrigação de manifestar o meu desconforto, o meu desagrado, a minha repulsa, a minha indignação por, em época de festividades pelo Novo Ano que se aproximava, me ver envolvido e quase obrigado a celebrar a morte de alguém!
Nem a Paixão de Cristo eu celebro!

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