terça-feira, novembro 17, 2009

Um hábito diferente

Por mais que queiramos enganar-nos, somos uns animaizinhos de hábitos e rotinas.
Um desses hábitos, que para alguns portugueses começa a ser difícil de concretizar, é o da paparoca a tempo e horas.
Pois foi neste contexto habitual que teve lugar o nosso almocinho das segundas terças-feiras de cada mês, no também habitual CMN, rodeados do tratamento respeitoso e de deferência a que eu, por mudança de hábitos, já não estava habituado.
Reunir cerca de vinte convivas mensalmente, dum curso que celebrará no próximo ano cinquenta anos de entrada na Escola Naval, é já rotina certificada.
As rugas e as carecas não são escape para o fulgor duma juventude vivida com a intensidade dos tempos de guerra e dos horizontes alargados pelos oceanos da memória Austral e do Sol nascente.
Relembrar passagens que nos foram caras, não são mancha corporativa nem nódoa culposa de práticas proibidas.
São apenas veículo de transmissão de uma memória colectiva todos os dias insultada por impiedosos diletantes que a pintam da cor da sua vacuidade e cobardia intelectuais.
Portugal, pela Marinha, foi levado aos quatro (cinco?) cantos do Mundo. Disso, só poderemos orgulhar-nos. O que por lá se fez não terá sido muito diferente daquilo que por cá se faz ainda.
Se pensarmos que os Mouros, islamizados ou não, por aqui se quedaram por cerca de oito centénios, os menos de quinhentos anos da nossa passagem pelas Áfricas, Brasis e Orientes, são apenas uma memória mais curta, mas que ainda está viva entre nós.
Negá-la não elimina erros cometidos nem exalta feitos notáveis. Apenas ajuda a apagar o rasto da História que um dia será contada.
Nem os árabes nos levaram de cá o petróleo que não temos, nem nós o trouxemos de África, que o tem, mas ambos deixámos um legado humano e cultural que terá que ser preservado e enaltecido.
Por onde passei, só me deixa pena o que não fiz!

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