Aprumo
Nem sequer é pessoa por quem eu morra de amores.
Como militar, embora nunca tendo trabalhado directamente com ele, não deixo de lhe reconhecer méritos, sobretudo na defesa dos princípios ético-profissionais.
O seu envolvimento no processo revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril, mostrou as dificuldades de adaptação a outros códigos que não os da família militar em que sempre se movimentara, demarcando-se claramente, no entanto, de trilhos percorridos à esquerda e à direita por camaradas seus, tendo a sua participação no 25 de Novembro sido determinante no restauro dos princípios da Revolução dos Cravos.
Mais tarde, terá aceitado a difícil tarefa de se tornar o 1º Presidente da República eleito no pós 25 de Abril, garantindo estabilidade ao processo democrático com a sua obstinação pelo cumprimento rigoroso da Constituição.
No final do seu segundo mandato, terá cometido o único desvio de conduta ao dar forma a um projecto político, criando o Partido Renovador Democrático, que colidia com as forças políticas instaladas, que lhe moveram guerra total e o fizeram retomar a pacatez de uma retirada destas lides, onde de facto não se sentia muito à vontade.
Mas, porquê este redesenhar duma figura bem conhecida do meio castrense e dos mentideros da política caseira?
A resposta vem duma crónica publicada na Revista Tempo Livre, por Fernando Dacosta, sob o título “Seres Decentes”, onde é feito o relato, muito pouco ou nada conhecido, duma ocorrência, tipo armadilha, verificada durante o seu segundo mandato como Presidente.
O Governo ter-lhe-á apresentado uma lei especialmente congeminada contra si, que o impedia de acumular o vencimento de PR com quaisquer pensões de reforma ou sobrevivência de que viesse a ter direito.
De imediato a assinou, embora achando-a discriminatória e injusta, passando a receber unicamente o vencimento devido pela função que desempenhava.
Entretanto resolveu colocar a questão em Tribunal que, muito recentemente segundo a crónica de Dacosta, se pronunciou a seu favor tendo como consequência decidido o reembolso, com efeitos rectroactivos, das importâncias que lhe eram devidas, no valor de um milhão e trezentos mil euros, que da mesma forma como assinara a Lei também agora, sem hesitar, prescindiu deste benefício, congratulando-se apenas com o facto de lhe ter sido feita justiça.
Comenta depois Dacosta, que “Num país dobrado à pedincha, ao suborno, à corrupção, ao embuste, à traficância, à ganância, Ramalho Eanes ergueu-se e, altivo, desferiu uma esplendorosa bofetada de luva branca no videirismo, no arranjismo que o imergem, nos imergem por todos os lados”.
Ressalta ainda o cronista o facto do General já haver recusado o bastão de Marechal, guindando-o a um nível de dignidade decisivo para continuarmos a respeitar-nos, a acreditar-nos.
Eu resumiria dizendo que o General Ramalho Eanes manteve o aprumo por dentro ao nível do que já lhe conhecíamos por fora.
Como militar, embora nunca tendo trabalhado directamente com ele, não deixo de lhe reconhecer méritos, sobretudo na defesa dos princípios ético-profissionais.
O seu envolvimento no processo revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril, mostrou as dificuldades de adaptação a outros códigos que não os da família militar em que sempre se movimentara, demarcando-se claramente, no entanto, de trilhos percorridos à esquerda e à direita por camaradas seus, tendo a sua participação no 25 de Novembro sido determinante no restauro dos princípios da Revolução dos Cravos.
Mais tarde, terá aceitado a difícil tarefa de se tornar o 1º Presidente da República eleito no pós 25 de Abril, garantindo estabilidade ao processo democrático com a sua obstinação pelo cumprimento rigoroso da Constituição.
No final do seu segundo mandato, terá cometido o único desvio de conduta ao dar forma a um projecto político, criando o Partido Renovador Democrático, que colidia com as forças políticas instaladas, que lhe moveram guerra total e o fizeram retomar a pacatez de uma retirada destas lides, onde de facto não se sentia muito à vontade.
Mas, porquê este redesenhar duma figura bem conhecida do meio castrense e dos mentideros da política caseira?
A resposta vem duma crónica publicada na Revista Tempo Livre, por Fernando Dacosta, sob o título “Seres Decentes”, onde é feito o relato, muito pouco ou nada conhecido, duma ocorrência, tipo armadilha, verificada durante o seu segundo mandato como Presidente.
O Governo ter-lhe-á apresentado uma lei especialmente congeminada contra si, que o impedia de acumular o vencimento de PR com quaisquer pensões de reforma ou sobrevivência de que viesse a ter direito.
De imediato a assinou, embora achando-a discriminatória e injusta, passando a receber unicamente o vencimento devido pela função que desempenhava.
Entretanto resolveu colocar a questão em Tribunal que, muito recentemente segundo a crónica de Dacosta, se pronunciou a seu favor tendo como consequência decidido o reembolso, com efeitos rectroactivos, das importâncias que lhe eram devidas, no valor de um milhão e trezentos mil euros, que da mesma forma como assinara a Lei também agora, sem hesitar, prescindiu deste benefício, congratulando-se apenas com o facto de lhe ter sido feita justiça.
Comenta depois Dacosta, que “Num país dobrado à pedincha, ao suborno, à corrupção, ao embuste, à traficância, à ganância, Ramalho Eanes ergueu-se e, altivo, desferiu uma esplendorosa bofetada de luva branca no videirismo, no arranjismo que o imergem, nos imergem por todos os lados”.
Ressalta ainda o cronista o facto do General já haver recusado o bastão de Marechal, guindando-o a um nível de dignidade decisivo para continuarmos a respeitar-nos, a acreditar-nos.
Eu resumiria dizendo que o General Ramalho Eanes manteve o aprumo por dentro ao nível do que já lhe conhecíamos por fora.
Etiquetas: Fotografia de Corpo Inteiro
1 Comments:
Ramalho Eanes é, acima de tudo, um homem coerente. De uma coerência que se não coaduna com os zig-zags comportamentais dos políticos ou, pelo menos, dos políticos da actualidade portuguesa.
Cumprimento-o por ter trazido ao seu blog o conhecimento deste facto.
Enviar um comentário
<< Home