sexta-feira, novembro 16, 2007

"Pele de coelho ou de lebre"

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Era assim que na minha meninice apregoavam, pelas ruas da cidade, os poucos e pobres compradores deste tipo de produto da época.
Uma pele de coelho podia render cinco tostões e a de lebre, desde que bem esfoladinha e sem estar maltratada pelos cães, poderia chegar aos dez tostões. Mais tarde, esses valores variavam entre os vinte cinco tostões e os cinco escudos..
Penso, que por um lado é positivo não haver necessidade de recorrer a este tipo de actividade a que eram dados os mais carentes. Por outro, penso que se desperdiça uma quantidade apreciável de material que a indústria poderia aproveitar na confecção de roupas de abafo, sem ter que recorrer à criação e abate de animais para esse fim específico..
Claro que existe um movimento internacional de combate a este tipo de actividade, que se esquece, contudo, que o fazemos de forma cada vez mais sistematizada e selectiva para suprimento diário das nossas necessidades alimentares..
A hipocrisia chega ao ponto de haver legislação específica que fixa os moldes do “bem estar animal”, antes e durante a sua passagem pelo açougueiro. Temos que o tratar bem para que o possamos matar melhor..
Não se podem fazer “matanças do porco”, tão características da nossa tradição rural, que durante tantos anos terão sido das poucas fontes de proteína animal a que aquelas gentes tinham acesso, em conjunto com algum franguinho em dia de festa ou umas gemadas quando as febres lentas apertavam.
Pele de coelho ou de lebre, lembra-me sempre aqueles ou aquelas que já errei esta época de caça e que, em vez de me deixar triste, muito me alegra porque ainda teimam em existir e eu em os perseguir por esses campos, cada vez mais aramados tal como um cão açaimado, que mal pode ganir quanto mais morder.

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