sexta-feira, setembro 28, 2007

Todos os anos, pelo Outono

Caem as folhas amarelecidas com as últimas trovoadas, empapam-se as terras com as primeiras águas, as colheitas estão no fim com os milhos de forragem e o girassol a serem ceifados. Os milhos para grão e a batata-doce a seguir.
Nas adegas, a azáfama está no auge.
O cheiro dos engaços promete pouco este ano. O Verão, mais manso, não aqueceu a graínha emprestando-lhe os taninos, não pôs mel na baga nem o perfume do Sol nos mostos.
O verão dos marmelos engana as roseiras que não resistem a mais uma floração.
A Natureza perece anualmente nesta época, para renascer uns meses depois com o mesmo vigor, capaz de sanar os maus tratos do homem, cada vez mais agressivo apesar de mais ciente do mal que pratica. Ele, parece querer vingar-se do facto de não ter sido dotado deste poder de se sobrepor aos anos que sobre si passam, que lhe rasgam as entranhas como uma fresadora, lhe vão deixando na pele os regos do arado do tempo e lhe endurecem a alma, qual lenho da vida.
A terra prepara-se para nova ovulação, esperando outras sementes de vida.
É tempo de descanso e de renovo.
É tempo de pensar em mudar.

1 Comments:

Blogger Bolinha said...

Tenho direito ao vinho deste ano?
Tenho saudades vossas e de todos esses cheiros que fala , bêjos.

28/9/07 20:25  

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