terça-feira, julho 24, 2007

Onde

Onde as coisas são como são, sem disfarces, embustes ou sofismas. Onde o Sol nasce depois dos galos cantarem, a orvalhada substitui a chuva que não cai e os rouxinóis cantam à noite nos choupos da ribeira. Onde as cigarras trinam à desgarrada com os grilos e os chaparros se transformam em sobreiros. Onde a campina se junta ao céu desfazendo o horizonte, numa prece não atendida. Onde a alma foge do corpo e atira décimas à padroeira. Onde Deus quis e não quis e largou o seu rebanho. Onde se cose a carne partida e o nervo quebrado. Onde manda o Suão mais do que a Nortada. Onde a voz serpenteia no ondular das searas. Onde a luz branqueia o olhar e a calma estival escurece a tez. Onde o azeite e o alho são remédio para todas as maleitas. Onde se resiste para viver e se vive resistindo.
É aqui! Aqui, ao lado do meu peito!

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Voltei. sim senhor, a apanhar o fresco e a força (renovada)da "bolina".

Bom regresso às lides

24/7/07 21:56  
Blogger Bolinha said...

Lindo, é assim que eu vejo a nossa terra na sei é escrevere tã bem, beijo

24/7/07 23:35  

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