sábado, maio 19, 2007

Pequenos prazeres em declínio

(Continuação)

A pesca, também ela em crise e também ela em risco de ser "desordenada".
Por razões, que só a razão não conhece.
Porque, tal como a caça, começa a ser negócio.
Os acessos à água começam a ser dificultados, embora a lei o proíba.
A fiscalização das actividades poluentes não se exerce de forma regular, com acções penalizantes dissuasoras, deixando que as águas de rios e barragens sejam invadidas pela morte e devastação dos recursos piscícolas. E não só, porque muitas povoações dependem da qualidade dessas águas para uso doméstico.
O meu peixe favorito, o achigã, tem também sofrido este tipo de ameaças e começou a desaparecer. Uns anos houve em que se apanhava com abundância, em qualquer rio, barragem ou mesmo charca.
Hoje, é com dificuldade crescente que se capturam alguns com a medida ou sem ela.
Porque não existem. Porque não lhes foram garantidas condições de sobrevivência, face a outras espécies ou pela captura desordenada, ela sim.
Apesar de se não cumprirem,em Espanha, as regras de proibição de capturas desta espécie durante os meses de desova, protecção de ninhos e alevins, continua a encontrar-se este peixe em abundância para pescar, na maior parte das barragens.
Porquê? Porque os pescadores, depois de os capturarem, os largam outra vez para a água, permitindo desta forma a prática sadia da pesca e não devastando os contingentes que garantem a sua reprodução e desenvolvimento.
Cá, é uma prática obrigatória em concursos, mas não no dia a dia.
Com as carpas vai-se fazendo, porque não são apreciadas para alimentação, mas com o achigã, já assim não se passa.
Pior, os pequenos barcos a motor vasculham sem cessar as zonas de acantonamento da espécie, não lhe permitindo sossego e usando, muitas vezes, redes de emalhar para a sua captura e posterior venda.
Se esta situação se alterasse, garantidamente haveria peixe para proporcionar grandes alegrias aos pescadores desportivos, que poderiam dessa forma fazer jus a essa designação.
Deixem-me gozar este pequeno prazer da velhice!
Já não tenho muitos…

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