domingo, abril 15, 2007

Ponto ao crepúsculo vespertino

Ontem fui convidado para um convívio “post venatório” de tiro aos pratos, numa herdade próxima da Azaruja – Os Alpendres.
Esta propriedade é pertença da Fundação Eugénio de Almeida e dela é rendeiro há mais de quarenta anos, um antigo colega de Liceu, com quem tenho convivido ultimamente, uma vez que reside também aqui na Igrejinha, onde agora me acantono.
Através dele estabeleci contacto com outros colegas, que já não via há quase cinquenta anos.
É obra! Descobrir debaixo dos cabelos brancos e das carecas e bigodes, “teenagers” imberbes, convenhamos que não é fácil, mas acaba por ser um jogo divertido.
A propriedade fica situada num prado muito bonito com pastagens e searas em redor do monte, de traça tradicional, em U, residência à direita de quem entra, alpendres servindo de garagem a tractores e alfaias em frente,celeiros e casa da malta à esquerda.
Por trás uma mancha de eucaliptos, assinalando a posição do monte de qualquer local da propriedade e servindo de acarro para os animais.
Lá longe a Serra d’Ossa, recortada no horizonte.
A reunião foi simpática, pois era bastante variada em termos sociais, desde gente muito rica a outra que nem tanto, com traço comum na simplicidade do gesto e unida por dois vícios terríveis – a caça e os comes à boa maneira alentejana.
O ensopado de borrego estava bastante bom. O coelho assado de azeite e vinagre e as costoletas de borrego fritas, um espectáculo.
O vinho correu fácil e bom, soltando línguas e colorindo as faces. Também ajudou uns a aprimorarem a pontaria e a outros a perdê-la.
No monte agora não vive ninguém em permanência. Os empregados são poucos e de trabalho sazonal. A tempo inteiro, somente o pastor, que vive numa casa situada no ponto mais elevado da propriedade, alargando a vista até às herdades vizinhas, com pontos de água, resplandecendo ao sol da tarde. Do lado oposto uma faixa de montado, sombreando a paisagem, emprestando-lhe contraste.
Apesar disso, a mulher nega-se a viver ali, habitando casa na aldeia.
A pouco e pouco, vou redescobrindo o sabor simples da terra, esquecido entre o salgado do mar e o amargo do cimento armado.
Redescobrir os amigos, ainda é porventura o melhor desta minha aventura serôdia.
Uma espécie de viagem pela memória.

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3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

tentei enviar comentário ao seu poema. Voltou a não funcionar.

Abraço

16/4/07 23:36  
Anonymous Anónimo said...

Mas agora funcionou. A tecnologia anda irregular - parecida com o clima. Mesmo agora ouvi chuva no telhado.
Bom para as hortas

Abraço

16/4/07 23:38  
Blogger JR said...

Caro amigo

As tecnologias foram inventadas para falhar, caso contrário toda a gente podia fazer tudo!
Não há como insistir.
Um abraço e benvindo
JR

17/4/07 11:29  

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