sábado, abril 14, 2007

O equilíbrio perdido

Há cinco dias que adoptámos uma rola turca ferida numa das asas, provavelmente por um chumbo de pressão de ar.
Temo-la tratado como podemos e já vai fazendo pela vida, comendo as sementes de girassol e sésamo e “adubando” em abundância, o que revela que se encontra em recuperação do estado geral. Quanto à asa, não sei se alguma vez irá recuperar, o que lhe vai inviabilizar o voo, forma sua forma habitual de locomoção. O que é triste!
Além de não ser permitida a sua caça no período venatório apropriado, acresce o facto de estarmos fora dele, com a agravante de ter sido ferida com uma arma não permitida para o acto venatório.
Além das infracções, sempre lastimáveis, há porém um aspecto importante a salientar: muito provavelmente terá sido ferida por uma criança ou adolescente, o que não abona muito os familiares que permitem ou até incentivam tais práticas.
Julguei que os tempos em que me eduquei e era corrente este tipo de comportamentos e atitudes, já haviam sido ultrapassados, havendo uma maior consciência em relação ao ambiente e à conservação das espécies.
As coisas não mudaram assim tanto, embora aqui e acolá se notem algumas alterações. Parece não ser um discurso próprio dum caçador, que sou, mas julgo existir entre os caçadores, um sentir mais apurado para esse tipo de situações e também uma preocupação maior.
O contacto com a Natureza só tem significado se nele encontrarmos o que já não é possível nos centros urbanos e até na nossa vida duma forma geral – equilíbrio. Equilíbrio entre actividade humana e o meio envolvente - ar limpo, água cristalina, vegetação e fauna selvagem autóctone.
Mais do que matar caça, é esse encontro que os caçadores e os pescadores esperam.
Há ainda uma coisa que também julgo comum entre eles: matar sim, ferir não!
Causa sofrimento e a ninguém aproveita.

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