quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Trabalhar a terra ou não a trabalhar, eis a questão!

Não é a primeira vez que me espanto durante este “Cursilho de AgroBio para jovens abaixo dos noventa anos” que frequento, integrado na Escola Sénior para o Mundo Rural, sob a égide da “Associação Monte” de Arraiolos.
Já tive oportunidade de o manifestar aqui (A História do Futuro contada em Alentejano) e uma vez mais me vou disso fazer arauto.
Sempre ouvi falar em trabalhar a terra, como o acto de a preparar para receber a sementeira ou o plantio, por forma a que germinação ou o desenvolvimento radicular das novas plantas se fizesse duma forma natural, sem interferência prejudicial de terceiros, entendendo-se estes como a erva daninha e a bicheza residente.
Havia também que facilitar o arejamento da terra através da cava ou da lavoura. A quebra da crosta produzida pela escorrência das águas pluviais, era também outro motivo destas práticas agrícolas, normalmente acompanhadas de estrumagem ou adubagem, já para não falar da aplicação de herbicidas, proibidos de todo em Agro Bio.
Pois bem. Tivemos ontem a presença de um cotado e prestigiado professor destas matérias, ligado à Universidade de Évora, que para espanto de todos (os jovens alunos, claro!), veio dizer que todos eles andaram uma vida inteira enganados a trabalhar a terra com charruas, arados ou com os equipamentos que normalmente são utilizados, mais modernamente, nos tractores e motocultivadores para virar, cortar e gradar.
A cobertura vegetal deve ser mantida para evitar a erosão pelas águas, para sustentar toda a vida subterrânea necessária ao arejamento natural e à transformação pela via biológica dos componentes químicos da terra, tornando-os naturalmente utilizáveis pelas plantas, neste caso, das culturas ali estabelecidas.
Não há o direito, nem é desejável em termos de equilíbrio ecológico, desalojar esta bicharada, que cava, aduba e é feliz!
Convenhamos que não é fácil aceitar estas coisas, assim do pé para a mão, que é como quem diz, da mão para a enxada.
Porra, dizia um deles! Tanto que eu suei toda a minha vida e para nada?!
Pois é! Mudam-se os tempos e mudam-se as vontades!
Quem tem hoje em dia vontade de cavar? Só eu! Que assim que vejo uma enxada, cavo logo!
Fiquei preocupado com várias coisas. Primeiro, coitadinhos dos fabricantes e vendedores de alfaias agrícolas. Que vai esta gente fazer? Máquinas de costura? Depois, porque também me senti enganado com o slogan, em que sempre acreditei, de que a terra devia ser de quem a trabalha!
Percebo agora, porque Diabo não é!

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