quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Dos Fantasmas da Escrita e da Palavra

Esta imagem foi retirada deste site
Durante anos estive esquecido que as palavras servem para outras coisas que não somente para fazer relatórios, estudos, redigir processos disciplinares, elaborar programas e projectos, estabelecer planeamentos e orçamentos.
Que não servem apenas para punir ou para louvar.
Que não servem apenas para suportar a necessidade de comunicação utilitária, mas também para expressar sentimentos, emoções, estados de alma, coisas que os pintores colocam nas telas, que os músicos transportam para as pautas com sustenidos e bemóis.
Coisas que não se vêem, que não se ouvem, que se não tangem, mas que se expressam assim! Num suporte físico como a palavra escrita ou falada.
Que tanto servem para as endereçarmos aos outros como a nós próprios.
Que como um corpo vivo, se alimentam e se depuram.
Que se constroem e se desmoronam.
Que tanto agridem como acariciam, que tanto gritam como sussurram, que protestam e aplaudem, que mordem e sangram da dentada.
A palavra que nos pesa cá dentro e que, quando sai, se evola imponderável.
A palavra que nos arde cá dentro e que, quando sai, a todos congela.
A palavra que nos dói cá dentro e que nunca sai.
A palavra do nada que em nós existe.
A redescoberta da palavra!

5 Comments:

Blogger taizinha said...

Eh lá!...
Li num só fôlego... Podia ter sido escrito por mim... LOL.
Gostei. Beijos.

28/2/07 13:01  
Blogger Bolinha said...

Adorei demora muito escrever um livro?Já tem filhas , já plantou arvores ,só falta o livro fico à espera.

28/2/07 16:38  
Blogger JR said...

O problema da escrita, da minha escrita, é esse. Podia ser escrita por ti, por qualquer pessoa. A escrita do Fernando Pessoa, só podia ter sido escrita por ele. A do Camilo, a do Eça, do Saramago, do Lobo Antunes, a do Camões.
Há tanta gente, por esses blogues fora, a escrever bem, que se todos pensassem em escrever um livro, era o fim!
Escrever bem, não faz de nós escritores. Faz apenas de nós amantes da palavra escrita, dos seus encantos, dos seus fantasmas, da sua teimosia em querer fugir-nos da boca para o papel.Faz-nos mais observadores e torna-nos mais atentos ao que nos cerca. Mais audazes.
Mas mais vulneráveis também.
Como diz a Bolinha, Bêjos!
F

28/2/07 17:50  
Blogger taizinha said...

Pronto. Estragou tudo... Não queria ter banalizado a sua escrita...

28/2/07 21:23  
Blogger JR said...

Qual banalizar, qual carapuça!
Não é isso!
Gosto muito do que escrevo e gosto muito do que tu escreves também.
A resposta foi mais para a Bolinha, que achou que eu deveria escrever um livro.
Não sou e julgo que nunca serei capaz de o fazer, por razões de ordem vária a que não será estranho, o eu não querer.
Bêjos

1/3/07 00:00  

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