segunda-feira, novembro 13, 2006

Tempo de nós

No final da linha, julgo que todos procuramos, mas poucos têm o privilégio de conseguir, um equilíbrio que sempre nos faltou ao longo da nossa vida activa profissional, familiar, social. As razões para que tal acontecesse terão sido muitas e variadas, mas provavelmente estariam ligadas à velocidade a que vivíamos esses dias, sem tempo para olhar para trás como agora fazemos, com uma lista infindável de coisas para fazer e prazos a cumprir. Lembro-me de desejar viver tão depressa o tempo de comissão na Guiné, que se fosse possível, tê-lo-ia riscado do meu calendário vital, isto é, desejava ter envelhecido a toda a brida, sem que disso na altura me tivesse dado conta. Hoje, gostaria de poder recuperar esse tempo retardando-o o mais possível, porque continuo com a minha agenda muito preenchida e com muito pouco tempo para executar todas tarefas nela inscritas. Só existe uma pequena diferença entre os assuntos agendados: estes, foram-no por mim. São para tentar realizar com o tempo que eu lhes disponibilizar, com a prioridade que lhes atribuir, com os meios que eu puder afectar, com a coragem que eu conseguir reunir, depois de alguma esbanjada sem grande resultado e, finalmente, com o carinho que poucas vezes tive oportunidade de emprestar às coisas que fazia. Já que estamos em época de orçamentos, nunca tinha atribuído uma dotação tão elevada de tempo para a família. Como tem sido bom descobrir debaixo das rugas que a idade nos vai esculpindo, os recantos dantes descurados do carinho e da ternura. A redescoberta da nossa irreverência juvenil, nos desvarios dos mais novos, na sua insatisfação, na sua busca permanente de soluções mais ou menos loucas, mais ou menos difíceis de por nós serem entendidas. É tempo de reconciliação connosco e com os outros. Não é decididamente o nosso tempo, mas é o tempo de nós!

1 Comments:

Blogger taizinha said...

Devo estar velha, então. Ainda não vejo as rugas mas elas devem estar cá. Nunca dei tanta importância à família como agora. Quando a temos não lhe damos o devido valor. Quando mais precisamos dela desaparece, como por magia. Deve ser da época. É Natal. No Natal há magia. Ouvi dizer.

14/11/06 13:12  

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